A segunda grande conferência das Water Design Views, integrada no ciclo de eventos da Blue Design Alliance, levou ao auditório da ESAD o professor e investigador Jeremy Aston, que desenvolveu uma riquíssima palestra sob o tema IA no design: Uma revolução criativa ou um desafio iminente?
A conferência decorreu na manhã de 22 de abril, o Dia Mundial da Terra, e Jeremy Aston enquadrou o tema da palestra com a água, ou, mais propriamente, com a conceção do design de um objeto ligado à água, no caso uma garrafa, destinada ao uso por crianças.
Todos estamos cientes da importância da Inteligência Artificial (IA) na nossa vida quotidiana. O seu impacto no domínio do design é cada vez mais intenso e suscita duas questões, a que Jeremy Aston procurou dar resposta: Como podemos aproveitar o poder da IA para aumentar a criatividade e a inovação? Que implicações é que isto tem para os nossos processos de design tradicionais?
Desde logo a criatividade do designer nunca pode ser colocada em causa pela IA. “Assim como já há algum tempo temos as fake news, também existe o fake design”, alertou o investigador, para quem as ferramentas de IA generativa devem ser usadas com cuidado.
Jeremy Aston fez demonstrações práticas do uso da IA generativa, primeiro através do CHATGPT e depois com o VIZCOM. Para iniciar o processo de elaboração do projeto de design da tal garrafa de água, uma série de perguntas objetivas no CHATGPT trouxe em poucos segundos sugestões muito válidas, como os materiais a usar na elaboração do objeto pretendido.
O desafio seguinte, da utilização da ferramenta VIZCOM, foi mais complexo, mas também mais dinâmico e criativo. No primeiro passo, Jeremy Aston desafiou grupos de alunos a criarem esboços, desenhos e moldes da garrafa de água, para serem submetidos à ferramenta de inteligência artificial.
Enquanto decorria esse processo criativo, o investigador deu conta de uma adaptação de um seu projeto antigo do desenho de um carro à ferramenta VIZCOM, com resultados que o próprio considerou muito distintos.
O mesmo sucedeu quando submeteu as criações dos alunos ao mesmo processo de “renderização” na ferramenta de IA. O risco, lembrou Jeremy Aston, é a inteligência artificial começar a trabalhar contra nós mesmos, adulterando toda a nossa ideia inicial”.
Em conclusão, no cuidado a ter no uso da ferramenta VIZCOM, é necessário adaptar a percentagem de uso da inteligência artificial na transformação do esboço, desenho ou molde. “A partir de determinada percentagem, corremos o risco da obra deixar de ser nossa”.
Nesse contexto, entre as promessas da ferramenta de IA encontram-se desafios e considerações éticas que exigem um exame cuidadoso. Os resultados da passagem pela VIZCOM dos trabalhos dos alunos não deixaram de ser interessantes.
E os desafios nesta área não vão parar. As próprias ferramentas de inteligência artificial estão em constante atualização. “Para o ano, ou ainda antes, já irá ser diferente, pelo que o desafio passou a ser permanente”.
As Water Design Views são financiadas pelo Plano de Recuperação e Resiliência português.
Créditos
Organização blue design alliance
data 22.04.2024, 10:30
local auditório esad