Porto Design Biennale 2023

— Ser Água — Como fluímos e nos moldamos coletivamente

Porto + Matosinhos

    A água está em todo o lado, molda tudo, é vital e sem ela a vida não seria possível. Pode assumir muitas formas, manifestando-as em simultâneo. É uma poderosa lente através da qual pensamos o mundo e a adaptabilidade do design às rápidas e incessantes transformações que se têm vindo a operar na “realidade”, onde o mundo que conhecemos está a desintegrar-se e ainda não sabemos como vai ser o próximo.

    O entendimento que temos da água é, de um modo geral, superficial, redutor: vemo-la sobretudo como um recurso, uma superfície líquida aprisionada, separada da restante matéria. Isto restringe o modo como nos relacionamos com ela.

    Prevê-se que em 2030 haja um défice de 40% de água em relação à procura. Como podemos cuidar do que não conhecemos bem? Para esta edição da Porto Design Biennale propomos uma plataforma-laboratório transdisciplinar, de observação, pensamento, criatividade e aprendizagem, que atuará em simultâneo nos espectros visível e invisível, orgânico, inorgânico e efémero da água. Esta plataforma-laboratório é “hidratada” a partir de seis propostas:

    • Bestas Prometeicas: Formas do humano
    • Realidade Mágica: Viver com o des/conhecido
    • Corpos de Água: Onde a água se torna comum — matéria vegetal, carne, mineral 
    • Paisagens Dinâmicas: Margens que dançam, fronteiras que não existem 
    • Rios Voadores: Repensar as representações da água 
    • Geologias Afetivas: A história viva de uma receita

    A partir da interligação entre estas seis propostas procuramos desenvolver e apresentar estratégias que contribuam para reconhecer, reparar, restaurar e pensar novas relações com o mundo. Para além de projetar melhores e mais eficientes usos da água, devemos conceber modelos de coabitação alternativa, simbiótica, entre humanos e mais que humanos, uma relacionalidade vantajosa e sustentável para todos. Relações cooperativas, ecológicas, que abracem os vários espectros da realidade e da água, nas suas várias formas e lugares. Em vez das mesmas palavras e histórias, procuramos “hidratar” com novas palavras, trazer para a luz outras narrativas, falar com estranhos e com isso semear ideias. 

    A partir da água, desejamos nutrir um novo léxico que expanda o nosso campo relacional com o mundo. Aprender com a água revela-nos a complexa e intrincada teia de interdependências que nos liga ao planeta como um todo.

    Fernando Brízio

    Relations — People